A fim de combater doenças, insetos ou plantas daninhas, muitos produtores agrícolas recorrem ao uso de agrotóxicos, que por sua vez são adicionados em mistura à calda de pulverização. Essa prática não é regulamentada pelo Ministério da Agricultura do Brasil, sendo permitida apenas a utilização de misturas prontas feitas pelos fabricantes dos produtos, como por exemplo, triazóis + estrobilurinas. De acordo com a legislação a adoção de tal procedimento é de exclusiva responsabilidade do produtor.

A mistura de produtos no tanque de pulverização proporciona várias vantagens como a redução dos custos em relação à aplicação dos produtos, diminuição do tempo despendido para realizar o trabalho e menor exposição do aplicador.

Entretanto, algumas desvantagens também são detectadas como incompatibilidade física e química dos agrotóxicos. A primeira corresponde a formação de precipitados (grânulos) na calda, causando problemas como entupimento de bicos de pulverização, obstrução dos filtros e perda de eficiência dos agrotóxicos. Já a incompatibilidade química se refere a otimização dos produtos, pois em reações alcalinas nas caldas pode ocorrer decomposição de inseticidas e fungicidas. Cada defensivo químico apresenta uma faixa de pH, que pode variar de 5,0 e 6,5, onde expressa seu melhor potencial para combater os agentes nocivos.

Em decorrência desses contratempos, muitas vezes, os tratamento não apresentam o resultado desejado sobre o alvo em questão na lavoura, comprometendo o desenvolvimento e a produtividade da cultura. Estas misturas podem resultar em três interações: I) aditivas – a eficiência do produto é similar ou igual a aplicação de ambos de forma individual; II) sinérgicas – um produto aumenta a eficiência dou outro por meio da mistura e III) antagônicas – um produto interfere negativamente na eficiência do outro.

Além dos agrotóxicos é comum os produtores agrícolas adicionarem outros ingredientes no tanque de pulverização, como estabilizantes de pH de calda, redutores de espuma, fertilizantes foliares, entre outros. Esses produtos também podem ocasionar problemas quando adicionados a calda do tratamento de forma incorreta, diferente da recomendada pelo fabricante. Em alguns casos pode haver alterações nas características físico-químicas do tratamento fitossanitário. Deve-se atentar para ordem de adição do tanque de preparo da calda.

Com a diversidade de formulações existentes no mercado é necessário ter cuidado para não comprometer a eficiência do tratamento e evitar possíveis transtornos. Sempre que surgirem dúvidas é necessário procurar esclarecimentos com os responsáveis técnicos dos produtos em questão. os fabricantes

 

*Fernanda Mugnol- Eng. Agrônoma – CREA RS 178798. Pós graduanda em MBE Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental

 

Referencias bibliográficas

Incompatibilidade dos Agrotóxicos. Disponível em: http://agroffice.blogspot.com.br/2013/03/incompatibilidade-dos-agrotoxicos.html

Uma combinação nem sempre eficiente: incompatibilidade de misturas de agrotóxicos. . Disponível em: https://portalnemip.wordpress.com/2013/08/19/uma-combinacao-nem-sempre-eficiente-a-incompatibilidade-de-misturas-de-agrotoxicos/

Mistura em tanque: a verdade oculta. Disponível em: http://www.aenda.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=200:mistura-em-tanque-a-verdade-oculta&catid=42&Itemid=164

QUEIROZ, A.A.; MARTINS, J.A.S.; CUNHA, J.P.A.R. Adjuvantes e qualidade da água na aplicação de agrotóxicos. Biosci. J., v.24, n.4,p.8-19,oct/dec. 2008

Incompatibilidade de caldas de pulverização

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